Cecília Meireles

Cecília Meireles

 
 
Meus olhos ficam neste parque,
minhas mãos no musgo dos muros,
para o que um dia vier buscarme,
entre pensamentos futuros.
 
Não quero pronunciar teu nome,
que a voz é o apelido do vento,
e os graus da esfera me consomem
toda, no mais simples momento.
 
São mais duráveis a hera, as malvas
que a minha face deste instante.
Mas posso deixá la em palavras,
gravada num tempo constante.
 
Nunca tive os olhos tão claros
e o sorriso em tanta loucura.
Sinto me toda igual às árvores:
solitária, perfeita e pura.
 
Aqui estão meus olhos nas flores,
meus braços ao longo dos ramos:
e, no vago rumor das fontes,
uma voz de amor que sonhamos.
 
 
 
 
Lascio i miei occhi in questo parco
le mani nel muschio dei muri,
per colui che un giorno a cercarmi
verrà, tra pensieri futuri.
 
Non voglio chiamarti per nome:
parrebbe il sibilo del vento;
brucio tra i gradi della sfera
tutta, nel semplice momento.
 
Durano più l’edera, l’erba
che il viso mio di quest’instante.
Ma posso fissarlo in parole,
scolpirlo in un tempo costante.
 
Mai gli occhi ho avuti tanto chiari
e folle il riso, come l´aria…
mi sento tutta uguale agli alberi:
perfetta, pura e solitaria.
 
Qui l’occhio mio vede dal fiore,
qui il braccio mio teso è nel ramo,
qui voci d´acque vaghe echeggiano
quella d’amore che sogniamo.
 
 
Traduzione di Anton Angelo Chiocchio